Na manhã desta terça-feira, 11, crianças quilombolas da Ilha de São Vicente visitaram o Câmpus Araguatins da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) com o objetivo de conhecer a instituição de ensino. A ação faz parte do projeto de extensão “Aulas de Reforço na Comunidade Quilombola da Ilha São Vicente” que tem o objetivo de atender crianças, jovens e idosos da comunidade.
O projeto tem como equipe executora a acadêmica de Pedagogia e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Extensão (Pibiex), Thágila Thatielle Rosa Pereira, e os acadêmicos voluntários Amanda Mendes Pereira do curso de Letras e Paulo Vinicius da Silva Pimentel do curso de Pedagogia. Já a orientação da ação de extensão é do professor doutor Diego Grossi Pacheco.
De acordo com a proposta, a atividade surge como uma alternativa de amenizar os déficits de aprendizagem da comunidade oferecendo aulas de reforço de Português e Matemática e ajudar em outras disciplinas que os atendidos demonstrarem dificuldades. O projeto também identificou que na região há muitos idosos analfabetos, além da escassez de recursos, distância até a instituição de ensino e falta de apoio pedagógico e financeiro. Portanto, a ação de extensão tem a proposta de ajudar a comunidade a superar barreiras específicas e contribuir no processo de aprendizagem e rendimento acadêmico.
Durante a ação, as visitantes conheceram o Laboratório de Práticas Pedagógicas do câmpus (Fotos: Cyarla Barbosa/Dicom Unitins)
“Ser bolsista e idealizadora de um projeto como esse traz uma importância que vai além da realização pessoal, impactando tanto a vida das crianças atendidas quanto a comunidade. Isso demonstra que, com apoio e dedicação, é possível criar iniciativas que promovam mudanças reais. Como idealizadora, há a oportunidade de ser agente de transformação, criando um projeto que não só melhora o desempenho acadêmico das crianças, mas também amplia seus horizontes e inspira sonhos. Levar crianças de um quilombo para conhecer uma universidade, por exemplo, é uma forma de mostrar que o ensino superior é alcançável, rompendo ciclos de exclusão e despertando novas perspectivas. Integrar as tradições e a cultura quilombola fortalece a identidade cultural das crianças, promovendo um senso de pertencimento e orgulho. O projeto também serve como exemplo de como a educação pode ser um instrumento de inclusão e equidade, inspirando outras pessoas a agirem de forma semelhante. Em resumo, é uma oportunidade única de reunir propósito, impacto social e desenvolvimento pessoal, deixando um legado positivo para a comunidade”, afirma a acadêmica e bolsista Thágila Thatielle.
Para a acadêmica e voluntária do projeto, Amanda Mendes, a iniciativa é uma oportunidade que abre portas e possibilidades aos atendidos. “Participar como voluntária neste projeto e levar as crianças para conhecer a universidade foi uma ação muito interessante. A iniciativa abre portas para novos sonhos e possibilidades, e é também uma forma de realizar atividades diferentes em um ambiente que é novo para elas. Essa experiência estimula a aprendizagem das crianças, sua autoestima e visão de futuro, promove a inclusão social e a quebra de barreiras.”
“Araguatins é uma cidade conhecida no Brasil inteiro como a cidade do pôr do sol. As belezas naturais do município são contadas em vários cantos do país, mas uma parte importante da cultura, da história relacionada à sua população, é bastante esquecida quando não apagada e silenciada até na própria cidade. Então, quando nós falamos da comunidade quilombola da Ilha de São Vicente, nós lembramos de uma parcela da população local que representa um elemento cultural, histórico, social, que deveria ser reconhecido e contado aos quatro cantos do Brasil, porque está diretamente relacionada a formação social da cidade no seu aspecto indígena e afro-brasileiro. Quando a Unitins permite com que seja feito esse projeto de extensão de reforço escolar junto a população a instituição reconhece essa importância. Araguatins é sim a cidade do pôr do sol, de belas praias, mas é também uma cidade de luta; local onde Osvaldão atuou para enfrentar a Ditadura Militar na época da Guerrilha do Araguaia. Um município onde a população Apinajé esteve presente antes da ocupação colonial e a cidade na qual a comunidade quilombola da Ilha de São Vicente lutou, luta, resistiu e resiste”, comenta o docente dos cursos de Letras e Pedagogia e orientador do projeto, Diego Grossi Pacheco.
Crianças quilombolas e alunas do projeto visitam as instalações da biblioteca
"Essa ação é um exemplo concreto do papel transformador da universidade, que vai além da sala de aula e alcança comunidades que historicamente enfrentam barreiras ao acesso à educação. O projeto de extensão, liderado com tanto empenho por nossos acadêmicos e professores, demonstra que o ensino superior deve estar a serviço da sociedade, promovendo a valorização cultural e oportunidades reais de mudança. Essa experiência não apenas fortalece a identidade e a autoestima dessas crianças, mas também reafirma nosso compromisso com uma educação que rompe ciclos de exclusão e constrói um futuro mais justo”, comenta a coordenadora do curso de Pedagogia, Ana Irene Carneiro.
O diretor do Câmpus Araguatins, Sérgio Mendes, menciona que atividades como essas são fundamentais para desenvolver a inclusão na universidade. “A visita das crianças quilombolas da Ilha de São Vicente ao Câmpus Araguatins é um momento de grande significado para nossa instituição, pois reflete nosso compromisso com a inclusão, a equidade e o reconhecimento das comunidades tradicionais. Esse projeto de extensão vai além do reforço escolar; ele representa um esforço coletivo para reduzir desigualdades e oferecer novas perspectivas de futuro para essas crianças, jovens e idosos. A educação tem um papel transformador, e iniciativas como essa mostram que a universidade deve estar cada vez mais próxima da sociedade. Parabenizo a equipe envolvida pelo impacto positivo gerado e reforço que o câmpus continua apoiando ações que promovam acesso ao conhecimento e desenvolvimento social.”
Momento de troca de experiências
As crianças foram recepcionadas com um café da manhã