Lucrécia Borges Barbosa durante palestra no Câmpus Palmas (Fotos: Jully Santana/Dicom Unitins)
A disciplina Psicologia Social do curso de Serviço Social da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) Câmpus Palmas promoveu a palestra "Preconceitos e Discriminações contra a População LGBTQIA+", com a militante e ativista Lucrécia Borges Barbosa, mestra em Estudos de Cultura e Território, no auditório, na noite do dia 17 de março. A convidada demonstrou exemplos de situações discriminatórias a que essas pessoas sofrem e de que forma a sociedade pode intervir de acordo com o código de ética do Assistentes Sociais.
O diretor do câmpus e professor da disciplina, Ulisses Franklin Carvalho da Cunha, abriu o evento pontuando a necessidade de cada vez mais abordar a temática com responsabilidade, uma vez que “os acadêmicos sairão para o mercado de trabalho e devem estar devidamente preparados para lidar com tais violações”.
Lucrécia destacou que a cultura hegemônica trabalha para a invisibilização dos povos marginalizados continuamente. “Se a gente aprende a odiar, então conseguimos desaprender também. Um dia eu também odiei pessoas diferentes de mim, mas o processo de aprendizado transformou a visão que eu tinha e continua a mudar”.
“Da mesma forma que a religião é usada para amar também pode ser usada para matar”, disse a palestrante, que discorreu sobre como as estruturas sociais são comumente julgadas como culpadas quando, na verdade, a pessoa que comete o crime é que deve ser responsabilizada. “Essa posição pode ser traduzida para outros formatos como, por exemplo, o conceito da masculinidade viril em favor da violação, nós somos responsáveis pela criação dos meninos que se tornarão homens”.
Estudantes, professores, participantes e palestrante ao final do debate
O fotógrafo Gabriel Arthur Carvalho participou do evento e contribuiu com suas vivências como homem trans. Ele apontou que a apresentação da palestrante foi um aconchego para ele que ainda precisa lidar com relações difíceis e conflituosas em sua vida.
“A Lucrécia nos mostrou fotos da transição dela e falou do apoio que recebeu da mãe, eu não tive isso, não ainda. Eu tenho a minha irmã gêmea que me apoia e sempre me apoiou desde o início e com os meus pais não foi muito bem assim. A minha mãe até hoje me chama pelo nome feminino. Para ela, é muito difícil, eu entendo pela questão da criação religiosa e tudo mais. Mas o que quebrou muito lá em casa foi a minha avó paterna, que eu não tenho muito contato, vejo muito pouco, ela acabou descobrindo da minha transição, porque eu me afastei demais, ela simplesmente falou que agora descobriu que tem um neto e que respeita muito. É muito bom ter ela como apoio, mostrou muito para minha mãe, então tem melhorado nossa relação”, contou Gabriel.
Leis e códigos que concernem o Serviço Social e a atribuição dos Assistentes Sociais foram apresentados, lidos e explicados. A palestra também foi transmitida pelo Google Meet, para estudantes que não puderam participar presencialmente.