Caminhos para educação inclusiva marcam debates do 3º dia de Semana Integrada 2023/1

Convidados abordaram a temática com base em suas experiências e falaram como os professores podem promover a educação inclusiva tendo como inspiração a pedagogia do amor

Ruy Bucar EDUCAÇÃO 25/01/2023 14:07

 

Neurodiversidade, como parte da diversidade humana e o papel do professor, foi o tema da roda de conversa da manhã desta quarta-feira, 25, da Semana Integrada 2023/1, que marca o início das atividades letivas da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins). No centro da roda estiveram os professores convidados doutor Manoel Menses Amorim, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), o professor e terapeuta ocupacional Bruno Vilareal e a professora e psicóloga mestre Michelle Zukowski. O debate foi mediado pela professora Cláudia Terra, que integra a equipe da Unitins.

 

Na abertura, a professora doutora Arlenes Delabary Spada, diretora de Desenvolvimento e Pesquisa Institucional (DDPI), falou da expectativa com o painel. “Dentro da universidade cidadã, dentro desse regaste que a gente se propõe a fazer, um processo que a gente começa agora e que vai nos acompanhar ao longo do ano nas nossas formações, vamos discutir a neurodiversidade. Para compreender melhor a temática, nós trouxemos um time de peso que vai nos ajudar”, declarou a professora, passando a apresentar os debatedores convidados.   

 

Em sua explanação, o professor Manoel Menses fez um histórico do processo de evolução da Universidade Federal do Tocantins (UFT) na adoção da política de inclusão no ensino superior, enfatizando que educação inclusiva vai muito além das políticas afirmativas por meio da lei de cotas.

 

“Quando falamos de inclusão, estamos falando de um grupo bem mais amplo não ficando apenas em pessoas com deficiência. A educação inclusiva abarca todo e qualquer sujeito que necessite de alguma adaptação/adequação para estudar e essa mudança passa pela mudança da cultura universitária”, ressaltou, citando detalhes da trajetória da UFT na educação inclusiva.

 

 

 

 

 

O professor Bruno Vilareal iniciou a sua abordagem apresentando um vídeo que ressalta aspectos sensoriais na percepção de um autista.O professor concentrou a sua fala em três aspectos que resume toda a experiência da inclusão no ambiente acadêmico: diagnosticar, capacitar e desmistificar. “Eu penso que a inclusão de um aluno na universidade tem que passar por três pontos. Precisamos ter um entendimento básico sobre o diagnóstico, acho que é o início de tudo. Compreendo que a inserção começa desde o estacionado e adentra a instituição”, ressalta, indicando que toda a sociedade precisa passar por capacitação, incluindo os próprios autistas que, às vezes, também não compreendem o seu diagnóstico e citou o exemplo de um pai que descobriu o seu diagnóstico após pegar o diagnóstico do filho.

 

Bruno ressaltou ainda em sua fala, a necessidade de se trabalhar a desmistificação, para remover incompreensões e preconceitos. “O público maior na universidade é esse nível leve. Tem também esse que ainda não fez o diagnóstico e que provoca a muita confusão. Não é doença, é uma condição”, explica, citando dados que mostram a importância da educação inclusiva: 20% da população mundial tem algum grau de dislexia. Em 2022, de 44 indivíduos um foi diagnosticado com autismo.

 

Inclusão

 

A professora Michele começou a sua abordagem chamando atenção para a postura do professor. “Muitas vezes, a gente olha esse desenvolvimento atípico da criança e coloca estigmas ao invés de compreender e diagnosticar, já estou prejudicando o desenvolvimento desta criança. E com isso eu trago um diagnóstico tardio”, ensina, apontando que o autismo não tem cara e que o professor tem papel fundamental em ajudar a diagnosticar, observando o comportamento de cada aluno em sala de aula.

 

Para Michele, o caminho para a educação inclusiva eficaz é juntar família, universidade, pessoal da saúde e a sociedade.

 

 

Michele diz que movimento da neurodiversidade se interessa mais pelo potencial que a pessoa tem e não pelas deficiências. “Se eu mantiver essa postura arrogante, que aluno meu precisa se adaptar à minha aula e não a minha aula ao meu aluno, a educação inclusiva não acontece. Nosso papel como professor é servir, não impor. Servir ao conhecimento”, recomenda, Michele, chamando atenção para a missão do professor.  “Se quisermos ser um docente que quer transformar o mundo, precisamos quebrar esse ciclo para podermos ser eficazes”.

 

Ao final da sua exposição, a psicóloga pontou algumas dicas para o professor que deseja promover a educação inclusiva. “Primeiro passo é identificar quem do seu meio acadêmico tem neurodiversidade, se tem dificuldade divide com outros professores; faz uma avaliação das necessidades, a partir daí começa a trabalhar o seu plano; inclua o acadêmico neste planejamento; tenha atenção com o que você fala, para você não aumentar os preconceitos; coloca o aluno no centro; respeita a sua individualidade; proteja os direitos do deficiente e saiba qual é o seu papel neste contexto”, ressalta.

 

Michele destaca que para se trabalhar a inclusão e respeito à diversidade é o básico e finaliza com o pensamento de Paulo Freire, com a sua pedagogia do amor. “Não existe educação sem amor. Quando faço educação com amor eu faço educação inclusiva”, garante.

 

Ao final do painel, a professora Claudia Terra, que mediou o debate, agradeceu a todos pela oportunidade, em especial os convidados pelas ótimas reflexões que, segundo ela, marcam um novo momento da Unitins, que já conta com 21 alunos com deficiência que estão sendo acompanhados. “O tema foi muito bem pensado, nós já temos pessoas com deficiência na Unitins. A temática vem ao encontro ao nosso trabalho, resgatar a universidade como um espaço para todos, a universidade cidadã”, pontou.

 

Comentários

 “Somos únicos e com necessidades diversas. A universidade precisa estar preparada para acolher cada um, com suas características e particularidades”, comentou a vice-reitora da Unitins, Darlene Teixeira Castro, durante o debate.

 

Para o diretor do Câmpus Palmas, professor Ulisses Franklin Cunha, “fazer a inclusão é, de fato, concretizar a função social da Universidade Cidadã: um lugar para todos e todas”, garante.

 

A professora Beatriz Cilene Mafra Neves Bigeli, do Câmpus Dianópolis, elogiou o tema escolhido pela abordagem bem conduzida. “Tema maravilhoso. Parabéns pela excelente condução e organização”, declarou. “À medida que a conscientização sobre a saúde mental aumentou nos últimos anos, houve também mais debate e conhecimento sobre os cuidados de saúde atingindo também as pessoas neurodivergentes”, considerou a professora Mirian Dorneles dos Santos Monteiro, que registrou a sua contribuição no chat da roda de conversa.

 

 

 

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